quarta-feira, 28 de maio de 2008

Sangue, Lágrimas e Palavras

De meu pai, herdei o mau estar dos cadáveres e o silêncio do que não deve ser dito. De minha mãe, herdei o fogo, que me queima agora. Herdei tristeza, construí melancolia.

Sou repetitivo. Repito um só sentimento, repito o que me dói. A infelicidade é construída, lentamente, dia após dia, solidificando a solidão e a amargura. Amargos são os dias, então.

Se choro, é porque as lágrimas são mais eficientes que as palavras. Mas água é só tranquilizante. Palavra é remédio. Remédio amargo, então.

Tenho amigos, sim. Visto minha máscara de todos os dias, e falo numa língua estranha, palavras que nada significam para mim. Palavras que talvez nada signifiquem para eles. A amizade pouco significa para ambos. Unidos contra o tempo e a solidão, e só.

Paulo Waisberg

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