terça-feira, 13 de maio de 2008

Requiem

Ele está ao meu lado.
Mas o fantasma de carne e osso não me assusta.
O que me assusta é o reflexo dele dentro de mim
Escorrendo pelas marcas fundas.
Quem pagou o preço?
Quem morreu por mim?
O fantasma não se importa,
Escarnece com seu riso maldito,
Toca minha pele
E canta um requiem.

Ele me trouxe uma adaga.

Mas é tão difícil aceitar
Que sou equilibrista numa corda podre.
Que meu tempo se foi.
Que vou ser o fantasma
Do meu próprio fantasma.

Eu não quero mais sentir dor.
Quero que a corda se rompa,
Sem rede.

A adaga cortando a corda.

Mergulho, ossos esmagados, sangue e terra.
Posso dormir em paz?

Mônica Marcucci

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