vejo
a dor descendo como uma neblina sobre as casas
e as janelas fechando-se
ao longe a bailarina acende-se na música
e espreitam os brinquedos
da memória
é sempre assim o mar
mesmo sem fúria
mesmo que as casas flutuem no seu limbo de lágrimas
mesmo que as árvores
ah as árvores
e as suas grinaldas
de mansinho
citizen kane despenhou o mundo do seu trono de vidro
em plena rua estava morta a rua só o vento
a pisava
e os sons dos meus passos a seguir-me
há por aí alguma porta aberta?
Carlos Nogueira Fino
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