segunda-feira, 5 de maio de 2008

Pinheiros

Sou deus enquanto acoplo a lâmpada no bocal
Elevo-me nas confidências proteicas
E dentro da tempestade etroboscópica
Salto no abismo e tento tocá-la

Ela sorri mas foge, continuo caindo, irremediavelmente. Muito tempo depois, percorrendo paisagens de cartolina, a realidade esmurra a boca do estômago. Sinto que sou ontem no brilho do sol o reflexo do brinco rasgando a cara. Sinto que sou hoje o tempo retrocedido nos passos de sete pessoas silênciosas percorrendo ruas como borboletas pardas.

O desejo desmancha em flores vermelhas como sangue e coagula em lembranças murchas. Ela sorri diante do abismo e salto mais uma vez.

Paulo Waisberg

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